sábado, 19 de dezembro de 2009

Do crescimento da China e outras estórias

De tanto se falar em crescimento da China, eu resolvi postar algo sobre isso. Mas esse não foi o favor que desencadeou o raciocínio.

1- Crescimento x Tamanho
Eu, nas minhas loucas aventuras, estava planejando tomar esteróides anabólicos e lendo livros à respeito encontrei um trecho que falava da velocidade de crescimento comparada entre os atletas avançados e os iniciantes. Quando o iniciante se aventura no esporte, ele vê uma grande desproporção entre velho e o novo. Por exemplo: um fisiculturista que acabou de entrar na academia ganha 3 kg por mês. se ele é magro e tem 50 Kg, então em 2 meses ele experimenta um aumento de 12% sob sua massa.
Já o crescimento em fisiculturistas avançados é mais lento: eles pesam 110 Kg e variam entre 107 e 112 kg por mês, representando 3% de sua massa. É claro que os fisiculturistas novos crescem bem proporcionalmente falando, mas isso não significa necessariamente que eles ultrapassariam os avançados, até porque sua taxa de crescimento vai diminuir com o próprio crescimento. Que coisa é a natureza!! O próprio crescimento irá causar uma frenagem na taxa de crescimento.
O tamanho não é crescimento.
É possível que a China ultrapasse os países desenvolvidos (tanto quanto é possível que o Azerbaijão pouse na Lua), só isso não é possível prever agora.

2- A verdade
Se é divulgado pela mídia a verdade de que a China é o país que mais cresce, por que outros indicativos menos tendenciosos não são igualmente divulgados? A China ainda é um país pobre e muito pobre, tem uma mercado consumidor enorme e sem poder aquisitivo e que mesmo sendo um país populoso seu PIB ainda é menor que o PIB japonês.
O FMI em 2008 afima que a China é o centésimo país do mundo na ordem do PIB per capita, ficando atrás de países como o Panamá e o Azerbaijão. Fica demonstrado claramente que apesar de ter um grande PIB, ninguém tem dinheiro e que o grande PIB é apenas cumulativo em relação ao número de pessoas e não em relação à riqueza do país.

3- Ainda que falasse mandarim, sem inglês eu nada seria
Talvez valesse mais a pena falar qualquer uma das 99 línguas dos respectivos países acima da China do que falar mandarim.


fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_países_por_PIB_(Paridade_do_Poder_de_Compra)_per_capita

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

À uma dama dormindo junto à uma fonte

À margem de uma fonte, que corria
Lira doce dos pássaros cantores
A bela ocasião das minhas dores
Dormindo estava ao despertar do dia

Mas como dorme Sílvia, não vestia
o céu eus horizontes de mil cores;
Dominava o silêncio entre as flores
Calava o mar, e rio não se ouvia

Não dão o parabém à nova Aurora
Flores canoras, pássaros fragrantes
Nem seu âmbar resóra a rica Flora

Porém abrindo Sílvia os dois diamantes
tudo a Sílvia festeja, tudo adora
Aves cheirosas, flores ressonantes

Gregório de mattos

sábado, 12 de dezembro de 2009

Julgue-me se capaz -- Um ensaio sobre relações objetais

Julgue-me se minha moral tiver e melhor do que eu for

tese: A frase repetida aos montes, além de refletir um caráter prepotente, denota manipuladorismo do autor.



A- O Juízo é uma faculdade mental e legítima portanto.

Como define bem Aristóteles, a inteligência tem três operações mentais: Conceituação, Juízo e Raciocínio.
Conceituação é a faculdade de ter idéias, note que ter idéia é diferente de imaginar. Imaginação é a faculdade de compor imagens, sejam elas motoras, visuais, auditivas ou etc e é por isso que pode-se dizer que os animais irracionais também imaginam, contudo não pensam.

Já raciocínio é a capacidade de organizar as idéias, juízos e raciocínios e extrair as relações de causa e efeito entre eles. Exemplo: Fulana é gorda. Quem é gordo tem tendência a contrair doenças coronarianas. Mariana tem tendência a contrair doenças coronarianas.

Por último, o juízo demonstra-se como a propriedade de estabelecer as relações entre conceitos, para que possa operar o raciocínio. Isso é demonstrado uma vez que,não tendos como dizer que fulana é gorda sem saber o que "gorda" é, somos forçados a, baseados no conceito de "gorda", determinar que fulana é gorda.

Com as três definições acima, notamos que o juízo, raciocínio e conceituação estão intrisecamente ligados, tal forma que não é possível julgar sem ter um conceito e sem razão, não é possível ter um conceito sem raciocinar e sem julgar, nem é possível raciocinar sem julgar e sem conceituar.

O Juízo é próprio da inteligência humana e é portanto legítimo nas atividades pensadoras deste. Limitar o juízo, é limitar o pensamento. Que limites pode ter um homem na sua faculdade de pensar? Ora, nada mais tirano do que dizer à um ser pensante por natureza: Não pense. Uma lástima.

B.1- A Amizade psíquica não pode influir no Juízo

Se partirmos da premissa de que a amizade é o bem-querer do amigo por outro amigo, deveria saber o amigo que não pode desejar irracionalidade à seu amigo, visto que a irracionalidade é para os homens, um mal. Por muitas vezes, percebemos que o erros consistem em querer o bem relativo à si acima dos bens absolutos. Que bem relativo poderia ser esse?

O não-juízo confia à pessoa uma aparência desejada em detrimento da aparência real. Não ser tido como gordo, apesar de fato inverídico, é preferível diante de ser tido como gordo, fato verídico.

B.2 A preferência da mentira ao invés da verdade:

O instinto de morte é o que guia o animal para a realização/finalização de uma dada ação. Assim, quando a pessoa mastiga a carne para comer, deseja engolir e enquanto não engole cria uma pulsão por engolir que assim que satisfeita, descarrega suas energias psíquicas. Este descarrego é o prazer.

O inconsciente carrega todas as pulsões, inclusive aquelas relacionadas à forma corporal. Uma pulsão(lê-se desejo inconsciente) por ser magra, uma vez não satisfeita, parece encontrar mais satisfação no afastamento do juízo alheio de "gorda" e consegue descarregar o restante das energias sob a forma de projeções como comer, dormir, não andar, que seriam sinais de não-gorda. Por outro lado quando a pulsão não é satisfeita, suas energias tendem a ir direto contra as causas aparentes do juízo "gordo", imediatamente a pessoa que julga. Daí o termo carregadíssimo: "se tiver moral", que está muito distante de uma amizade saudável e muito próximo de uma subserviência do tipo "Obedeça, satisfaça minhas pulsões."

C- A jactância

Se para pensar basta ter as faculdades do pensamento, parece ao impostor dessas leis, uma necessidade de que o outro seja melhor do que ele. Na verdade , premedita seu inconsciente que não hajam seres mais perfeitos que ele.

Negação , em psicanálise, é quando tenta-se consertar uma perda através de atividades que indicariam oposição às atividades que por hora externariam tal perda.
Ex.:
mãe após o funeral: "Eu sei que ele está bem melhor lá do que aqui." ou "Estou ótima e coisa e tal"

Nas trevas do seu subconsciente, o sujeito encontra-se numa situação de contigência, já que falhou nas tentativas de satisfazer a pulsão de magreza. para aquela pulsão (sempre de natureza dual), o todo corresponde ao objeto êxito-magreza/fracasso-gordura, sendo o fracasso-gordura uma espécie de elemento negativo absoluto e sua contrariedade só pode ser: elemento positivo absoluto. Afirmar esse elemento positivo absoluto consiste exatamente no fenômeno da negação. E ela se externaliza após sucessivas filtragens pelo Consciente e Pré-consciente da seguinte forma: eu absoluto, eu-todo-poderoso ou algo do gênero.

Os esforços para neutralizar o fracasso percebido pelo juízo se exibem , também, ditatoriais. Algo com ar de manipulação, de subserviência, de escravidão, pois só seria possível seres inferiores à mim e que portanto não teriam poder para julgar algo além da capacidade destes.


http://www.simpozio.ufsc.br/Port/1-enc/y-micro/SaberFil/PeqPsico/2211y599.html