sábado, 12 de dezembro de 2009

Julgue-me se capaz -- Um ensaio sobre relações objetais

Julgue-me se minha moral tiver e melhor do que eu for

tese: A frase repetida aos montes, além de refletir um caráter prepotente, denota manipuladorismo do autor.



A- O Juízo é uma faculdade mental e legítima portanto.

Como define bem Aristóteles, a inteligência tem três operações mentais: Conceituação, Juízo e Raciocínio.
Conceituação é a faculdade de ter idéias, note que ter idéia é diferente de imaginar. Imaginação é a faculdade de compor imagens, sejam elas motoras, visuais, auditivas ou etc e é por isso que pode-se dizer que os animais irracionais também imaginam, contudo não pensam.

Já raciocínio é a capacidade de organizar as idéias, juízos e raciocínios e extrair as relações de causa e efeito entre eles. Exemplo: Fulana é gorda. Quem é gordo tem tendência a contrair doenças coronarianas. Mariana tem tendência a contrair doenças coronarianas.

Por último, o juízo demonstra-se como a propriedade de estabelecer as relações entre conceitos, para que possa operar o raciocínio. Isso é demonstrado uma vez que,não tendos como dizer que fulana é gorda sem saber o que "gorda" é, somos forçados a, baseados no conceito de "gorda", determinar que fulana é gorda.

Com as três definições acima, notamos que o juízo, raciocínio e conceituação estão intrisecamente ligados, tal forma que não é possível julgar sem ter um conceito e sem razão, não é possível ter um conceito sem raciocinar e sem julgar, nem é possível raciocinar sem julgar e sem conceituar.

O Juízo é próprio da inteligência humana e é portanto legítimo nas atividades pensadoras deste. Limitar o juízo, é limitar o pensamento. Que limites pode ter um homem na sua faculdade de pensar? Ora, nada mais tirano do que dizer à um ser pensante por natureza: Não pense. Uma lástima.

B.1- A Amizade psíquica não pode influir no Juízo

Se partirmos da premissa de que a amizade é o bem-querer do amigo por outro amigo, deveria saber o amigo que não pode desejar irracionalidade à seu amigo, visto que a irracionalidade é para os homens, um mal. Por muitas vezes, percebemos que o erros consistem em querer o bem relativo à si acima dos bens absolutos. Que bem relativo poderia ser esse?

O não-juízo confia à pessoa uma aparência desejada em detrimento da aparência real. Não ser tido como gordo, apesar de fato inverídico, é preferível diante de ser tido como gordo, fato verídico.

B.2 A preferência da mentira ao invés da verdade:

O instinto de morte é o que guia o animal para a realização/finalização de uma dada ação. Assim, quando a pessoa mastiga a carne para comer, deseja engolir e enquanto não engole cria uma pulsão por engolir que assim que satisfeita, descarrega suas energias psíquicas. Este descarrego é o prazer.

O inconsciente carrega todas as pulsões, inclusive aquelas relacionadas à forma corporal. Uma pulsão(lê-se desejo inconsciente) por ser magra, uma vez não satisfeita, parece encontrar mais satisfação no afastamento do juízo alheio de "gorda" e consegue descarregar o restante das energias sob a forma de projeções como comer, dormir, não andar, que seriam sinais de não-gorda. Por outro lado quando a pulsão não é satisfeita, suas energias tendem a ir direto contra as causas aparentes do juízo "gordo", imediatamente a pessoa que julga. Daí o termo carregadíssimo: "se tiver moral", que está muito distante de uma amizade saudável e muito próximo de uma subserviência do tipo "Obedeça, satisfaça minhas pulsões."

C- A jactância

Se para pensar basta ter as faculdades do pensamento, parece ao impostor dessas leis, uma necessidade de que o outro seja melhor do que ele. Na verdade , premedita seu inconsciente que não hajam seres mais perfeitos que ele.

Negação , em psicanálise, é quando tenta-se consertar uma perda através de atividades que indicariam oposição às atividades que por hora externariam tal perda.
Ex.:
mãe após o funeral: "Eu sei que ele está bem melhor lá do que aqui." ou "Estou ótima e coisa e tal"

Nas trevas do seu subconsciente, o sujeito encontra-se numa situação de contigência, já que falhou nas tentativas de satisfazer a pulsão de magreza. para aquela pulsão (sempre de natureza dual), o todo corresponde ao objeto êxito-magreza/fracasso-gordura, sendo o fracasso-gordura uma espécie de elemento negativo absoluto e sua contrariedade só pode ser: elemento positivo absoluto. Afirmar esse elemento positivo absoluto consiste exatamente no fenômeno da negação. E ela se externaliza após sucessivas filtragens pelo Consciente e Pré-consciente da seguinte forma: eu absoluto, eu-todo-poderoso ou algo do gênero.

Os esforços para neutralizar o fracasso percebido pelo juízo se exibem , também, ditatoriais. Algo com ar de manipulação, de subserviência, de escravidão, pois só seria possível seres inferiores à mim e que portanto não teriam poder para julgar algo além da capacidade destes.


http://www.simpozio.ufsc.br/Port/1-enc/y-micro/SaberFil/PeqPsico/2211y599.html

Um comentário:

Ela disse...

Então,
- Conceito é uma idéia geral que reune as caracteristicas básicas de alguma coisa. Expressão verbal é o termo.

*Termo: Pessoas.

- Juizo...
é o mais simples do pensamento, associa ou relaciona dois ou mais conceitos. Expressão verbal é uma afirmação que até pode ser considerada verdadeira.

*Proposição: Ninguém é perfeito.

- Raciocínio é o que confirma se aquela afirmação é verdadeira por meio de fatos concretos ou não. Pensar, Organizar e Argumentar.

Argumento:
Eu sou ninguém,
Ninguém é perfeito
Logo, eu sou perfeito :)

Mas quando o raciocinio "sai" errado. Será que não é você que não está explicando direito? Ou os outros estão certos e você errou? rs

Caos harmonioso.
Gostei do seu post,
Me lembre que quando crescer quero me expressar tão bem quanto você, tio. :)